Gerenciando Riscos
Risco é o efeito da incerteza sobre os objetivos. Segundo os especialistas em Gestão de Riscos Eliana Cardoso Vieira Quintão e Eduardo Ramos Ferraz, “quando você se propõe a realizar um projeto, qualquer situação que se desvie do objetivo pode ser um risco”. A atividade de saúde, por sua natureza, oferece riscos, mas é possível ter gerência sobre eles reduzindo ou, em alguns casos, eliminando a sua ocorrência.
O principal objetivo da Gestão de Riscos na área de saúde é a redução dos eventos adversos que podem causar danos aos pacientes. Eventos estes que têm causa na assistência à saúde e não no processo da doença.
Apesar dos riscos serem inerentes à atividade, as normas usadas para Gestão de Riscos não são específicas para a saúde, mas são aplicáveis ao segmento, inclusive para os laboratórios. Deve envolver todos os colaboradores da instituição em todos os níveis hierárquicos.
Os ganhos são muitos: melhoria na governança e na identificação de oportunidades e ameaças, gestão pró-ativa, aumento na confiança das partes interessadas, o estabelecimento de uma base confiável para tomada de decisão, alocação e utilização mais adequadas dos recursos, melhoria na eficácia operacional e na eficiência, entre muitos outros benefícios. Em outras palavras: aumento na probabilidade de atingir os objetivos.
- Risco: Ameaça que pode virar oportunidade
Riscos são desvios. Desvios podem ser ameaças ou oportunidades. Uma ameaça é um risco “negativo” e uma oportunidade é um risco “positivo”. O segmento de saúde tem riscos inerentes à natureza da própria atividade.
Gerenciar riscos pode significar reluzi-los, eliminá-los ou transformá-los em oportunidades. Para isso, é fundamental o envolvimento de todos em uma instituição, além, é claro, do desenvolvimento de uma comunicação eficiente e de mão dupla com todas as partes interessadas: colaboradores, clientes, fornecedores, fontes pagadoras e investidores, entre outros.
- Gestão de Riscos
A ISO 31000:2009 define Gestão de Riscos como “atividades coordenadas para dirigir e controlar uma organização no que diz respeito ao risco”.
- Risco
É o efeito da incerteza sobre os objetivos. Quando você se propõe a realizar um processo, atividade ou projeto, qualquer situação que desvie do objetivo pode ser considerada um risco. Estes desvios podem ser ameaças, mas podem gerar oportunidades, ou seja, “risco positivo”. A atividade de saúde tem risco inerente e atribuível. O risco atribuível é aquele sobre o qual temos gerência e, portanto, pode ser eliminado ou reduzido a risco residual.
- Risco positivo
Este é um termo utilizado na AS/NZS 4360. São aquelas situações que podem ser desviadas do objetivo principal, mas proporcionar uma oportunidade de crescimento. Por exemplo: um pronto atendimento. Com o objetivo de atender melhor a sua população, há o investimento em melhoria na assistência. Como consequência, pode haver um aumento da demanda. Esta demanda nova pode tornar- se um problema por não ter sido prevista, mas também pode ser considerada positiva pelo fato de divulgar a imagem do hospital e gerar uma oportunidade de crescimento. Para isso, é só o laboratório ficar atento aos riscos positivos das suas ações e planejar-se para conduzí-los da melhor forma.
- Riscos mais comuns aos quais uma instituição está exposta
Cabe à instituição, diante do contexto no qual está inserida, identificar quais são as naturezas dos riscos aos quais ela está exposta. Estes podem ser, entre muitos outros, riscos estratégicos, ambientais, sociais, civis, ocupacionais, de imagem, fiscais, financeiros e sanitários.
- Metodologia de Gestão de Riscos aplicada na área da saúde
O principal objetivo da Gestão de Riscos na área de saúde é a redução dos eventos adversos que podem causar agravos nos pacientes, ou seja, evitar lesões não intencionais que resultam em incapacidade temporária ou permanente, morte ou prolongamento da internação, que tenham causa na assistência à saúde e não no processo propriamente dito da doença. A Organização Mundial de Saúde (OMS) tem se esforçado para promover campanhas e treinamentos dos profissionais com o objetivo de aumentar a segurança dos pacientes. O risco de um evento adverso na saúde, segundo a OMS, é de uma ocorrência para 300 atendimentos. A OMS também dispõe de vários artigos com foco na gestão de riscos como, por exemplo, “A segurança do paciente cirúrgico”, “As tecnologias em saúde”, “A segurança do medicamento”, “O controle de infecções hospitalares”. Estes e outros artigos estão disponíveis no www.who.int/patientsafety/en/.
- Papel da Vigilância Sanitária na Gestão de Riscos
O objetivo da ANVISA é focado diretamente na identificação e controle dos riscos.
- Benefícios da Gestão de Riscos
Os principais benefícios são o aumento na probabilidade de atingir os objetivos, incentivo à gestão pró-ativa, desenvolvimento da consciência para a necessidade de se identificar e tratar os riscos em toda a organização, melhoria na identificação de oportunidades e ameaças, respeito às exigência legais e regulamentares, melhoria na notificação voluntária e na governança, aumento na confiança das partes interessadas, estabelecimento de uma base confiável para tomada de decisão e planejamento, melhoria nos controles, alocação e utilização mais adequadas dos recursos, melhoria na eficácia operacional e na eficiência, melhoria na saúde e segurança do trabalhador, bem como na proteção do ambiente, melhoria na prevenção de perdas e gestão de incidentes, redução das perdas, melhoria no aprendizado organizacional e melhoria continua da organização.
- Partes envolvidas na Gestão de Riscos
A Gestão de Riscos envolve todos os colaboradores da instituição em todos os níveis hierárquicos. Deve, ainda, existir uma comunicação eficiente e de mão dupla com todas as partes interessadas, tais como: colaboradores, clientes, fornecedores, fontes pagadoras e investidores, entre outros.
-Medição do nível de riscos
Frequentemente o risco é expresso pela combinação das consequências de um evento (gravidade) e a probabilidade de ocorrência (frequência). O nível de risco é resultante desta combinação: quanto maior a gravidade e frequência maior a graduação do risco. As escalas são:
Escala de gravidade:
1. Leve – quando pode causar um dano leve
2. Moderado – quando pode causar um dano moderado
3. Grave – quando pode causar um dado grave
4. Catastrófico – quando pode causar a morte ou um dano catastrófico
Escala de Probabilidade:
1. Raro – improvável de ocorrer
2. Incomum – possível de ocorrer
3. Ocasional – provavelmente irá ocorrer
4. Frequente – pode ocorrer imediatamente ou num intervalo curto de tempo
Na avaliação dos níveis dos riscos a organização deve definir a sua tolerância, ou seja, qual o nível aceitável e as suas medidas de controle (medidas preventivas e contingências).
A avaliação dos riscos é dinâmica considerando as medidas de controle implementadas e a sua eficácia, que podem modificar a gravidade e ou a probabilidade de um evento. Quanto mais crítico o risco, maior a importância na adoção de medidas preventivas e o monitoramento por indicadores. Da mesma forma na pré-definição de medidas corretivas a serem aplicadas quando o risco se concretizar.
- Passo a passo para a implementação da Gestão de Riscos
O processo inclui:
• Mapear os processos e as suas atividades críticas
• Identificar os riscos nas várias naturezas aplicáveis
• Definir a gradação dos níveis de riscos (probabilidade x gravidade)
• Definir as medidas preventivas para cada risco identificado
• Definir as medidas corretivas para cada risco identificado
• Estabelecer indicadores ou outras formas para o monitoramento do risco
• Analisar o impacto das medidas de controle implementadas
• Planejar ações de melhoria, quando necessário, não esquecendo da comunicação contínua com as partes interessadas.