Os
processos de comunicação são muito complexos e dinâmicos nos serviços de saúde
e, em especial, na área hospitalar. O alto fluxo de informações e o grande
número de profissionais de diferentes equipes assistenciais, além da grande
demanda de atividades, acarretam uma necessidade constante de atualização e
troca de informações com os pacientes, os familiares e as equipes. Os eventos
adversos relacionados às falhas no processo de comunicação estão altamente
relacionados com as prescrições ou ordens verbais e informações relativas a
resultados de exames. A falta de processos de comunicação integrados entre as
diversas equipes de profissionais e os serviços de saúde são fatores que
contribuem para as falhas no atendimento.
A
predominância de falhas nos processos de comunicação institucionais é apontada
também como fonte de risco para a ocorrência de eventos adversos em outras
situações durante a internação.
Suspensões de cirurgias, de procedimentos e de
exames são comuns quando a comunicação não é efetiva entre as equipes médicas,
de enfermagem e de nutrição. Além disso, pacientes ficam submetidos a tempos prolongados
sem receber alimentação e, muitas vezes, não tem a dietoterapia adequada devido
a essas falhas que geram atrasos e não atendimento ao paciente.
Outro
processo crítico de comunicação para o risco de ocorrência de eventos adversos
é entre a farmácia, enfermagem e equipe médica. Situações de falhas de redação
e interpretação de prescrição médica, assim como a dispensação e preparo de
medicamentos são momentos anteriores ao processo de administração de
medicamentos que podem induzir ao erro da equipe de enfermagem. Isto foi
evidenciado em estudo nacional, no qual a análise de itens da prescrição médica
em cinco hospitais universitários brasileiros demonstrou que 91,3% das
prescrições continham siglas ou abreviaturas, 22,8% não continham dados do
paciente e 4,3% não apresentavam data ou continham rasuras, as quais poderiam
ter contribuído para os erros detectados de via na administração de
medicamentos. Estudo internacional também aponta uma estimativa de que
39% das reações adversas a medicamentos ocorrem devido a erros de prescrição, e
cerca de 23% acontecem durante a transcrição e dispensação de medicamentos.
Outro
aspecto do processo de comunicação que pode ser considerado crítico para a
ocorrência de eventos adversos com os pacientes é a forma como estão
estruturadas as trocas de informações entre os turnos de trabalho nos serviços
de saúde. As passagens de plantão, rounds ou relatórios de troca de turnos são
uma característica do trabalho em saúde. A continuidade do atendimento do paciente
exige o compartilhamento de informações em um processo que envolve a
transferência e aceitação de responsabilidade de alguns aspectos do cuidado do
paciente ou grupo de pacientes.
As
passagens de plantão entre as equipes de saúde são consideradas ferramentas
fundamentais para a prevenção de falhas e erros nos cuidados de pacientes Podem
ser adotadas diferentes estratégias para efetuar a troca de informações
relevantes para assegurar a continuidade e a segurança das ações de cuidado.
Alguns
serviços adotam relatórios orais gravados, relatórios escritos, rounds a beira do
leito, quadros e painéis de informações, além de relatórios verbais em reuniões
conjuntas das duas equipes (aquela que está saindo e aquela que está chegando
para assumir o turno).
A visita multidisciplinar,a transmissão de informações verbalmente, face a face,
entre as equipes, com auxílio de registros padronizados é considerada uma das
formas mais efetivas para que a comunicação ocorra de forma clara e precisa.
FONTE: http://www.anvisa.gov.br/hotsite/segurancadopaciente/documentos/junho/Modulo%201%20-%20Assistencia%20Segura.pdf
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