terça-feira, 24 de setembro de 2013

QUEM PAGA A CONTA?



Há algum tempo o  The New York Times noticiou que, o Medicare - securidade social governamental americana para os idosos - não mais pagará os hospitais por despesas decorrentes de algumas complicações adquiridas dentro do hospital.

Essas complicações foram consideradas pelo Medicare como "condições que podem ser razoavelmente prevenidas". 

Algumas dessas condições são frequentes, outras são mais raras, a lista das inicialmente consideradas incluem:
Úlcera por pressão (escara de decúbito);
Lesões causadas por quedas;
Infecções relacionadas a cateteres venosos;
Infecções urinárias relacionadas a sondagem vesical;
Tratamento de pacientes nos quais foi esquecido objetos durante a cirurgia;
Complicações decorrentes de transfusões de sangue incompatível;

O The New York Times afirma, ainda, que algumas seguradoras privadas estão pensando em caminhar na mesma direção. Além disso, algumas outras condições preveníveis estão sendo consideradas como septicemia por S. aureus, pneumonia associada à ventilação mecânica e infecção por C. difficile.

Esse conceito já chegou ao País.

A Campanha 100.000 vidas (atualmente 5 milhões de vidas) demonstrou que é possível, eliminar essas complicações com cuidados simples e baseados em Evidências Científicas, gerenciando riscos e cuidando da segurança do paciente.


quinta-feira, 19 de setembro de 2013

É POSSÍVEL EVITAR O ERRO...



Somos humanos, falíveis, erramos e erramos frequentemente. Todos sabemos disto. Por diversas vezes esquecemos coisas importantes tanto pessoais quanto profissionais. Aniversários de pessoas importantes passam sem que nos recordemos, esquecemos de pagar contas...

Erramos porque somos imperfeitos, porque nosso cérebro para funcionar melhor e mais rápido usa uma série de adaptações vindas da evolução da nossa espécie. Não há como evitar os erros, por mais esforços que façamos, mais cedo ou mais tarde ele ocorrerá.

Mas se isto é realmente verdade, e é, por que insistimos em construir sistemas que se baseiam na perfeição humana? 
É comum, quando analisamos falhas na assistência médico-hospitalar ouvirmos dos responsáveis pela análise soluções como: o funcionário foi reorientado! Como se o funcionário tivesse errado por má fé, por negligência ou por descaso. Na imensa maioria das vezes não é isto que acontece. 

Ninguém sai de casa planejando errar nesta ou naquela função. Ninguém erra por que quer!

É necessário que entendamos os mecanismos dos erros humanos para que possamos efetivamente criar barreiras que previnam ou impeçam que os erros aconteçam. Na imensa maioria das vezes estas barreiras não podem basear-se nas capacidades humanas, mas sim em processos simplificados e bem elaborados.

Para entender os eventos adversos evitáveis em saúde (antigamente conhecidos como erros médicos), é necessário avaliar como os eventos que levam a grandes erros ocorrem. Não somente em medicina, mas quando se estuda fenômenos que causaram lesões graves, como queda de aviões, desabamento de construções e outros, frequentemente observamos que não há um único erro responsável pelo evento, mas sim uma sequencia de erros menores.
Esses erros menores, isoladamente não causariam por si a catástrofe, mas sua sequência, sim!

Em 1990 James T. Reason propôs o Modelo do Queijo Suíço  Esse modelo consiste-se de múltiplas fatias de queijo suíço colocadas lado a lado como barreiras à ocorrência de erros.





Segundo o autor, para que um acidente grave ocorra é preciso que uma falha consiga ultrapassar todas as barreiras de um determinado sistema, o que é, em geral, um acontecimento raro.







É como imaginar várias fatias de queijo suíço e, numa situação atípica, um alinhamento dos “buracos do queijo” em todas as fatias. O erro, neste contexto, passaria livremente por todas as etapas do processo, causando danos sérios ao final do percurso.


O acidente, portanto, não é causado pela falha isolada de um indivíduo, mas por uma combinação de brechas no processo como um todo.

A ocorrência de um erro se deve a uma falha sistêmica!






segunda-feira, 16 de setembro de 2013

SUCESSO NO TREINAMENTO DA HIGIENIZAÇÃO DE MÃOS!



O primeiro dia da Campanha de Higienização de Mãos foi um sucesso!


O HIMABA contou com a dedicação da Prof. Enf. Glaucia Santana, responsável pela Educação continuada e da Dra. Beatriz Junqueira , Gerente de Risco do Hospital. A presença do Grupo Soluços e Sorrisos ajudou a abrilhantar todo o processo de treinamento, que continua pelos próximos 15 dias.


Durante o treinamento foram distribuídas lembrancinhas de álcool gel e formulários com orientações sobre o treinamento.


O Grupo Soluços e Sorrisos participou ativamente da palestra e fez questão de passar em todos os setores , convidando-os a participar do treinamento.



 A equipe do Pronto-socorro recepcionou o Treinamento e o Grupo de braços abertos !!!!




Este é um grande passo que demonstra o compromisso do HIMABA com a segurança do paciente !

Parabéns a todos !!!!



sábado, 14 de setembro de 2013

O CONTROLE ESTÁ EM SUAS MÃOS !


HIMABA faz treinamento para Lavagem de Mãos!


Uma programação especial de treinamento de Higienização de Mãos,  terá início nesta próxima semana no Hospital Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves.

Nesta segunda, 16/09, o hospital estadual iniciará várias ações educativas para alertar principalmente os profissionais de saúde, funcionários administrativos, bem como os pacientes sobre a forma correta e segura de higienizar as mãos e evitar o contágio de doenças.

As equipes do Núcleo de Segurança do Paciente, Educação Continuada e  CCIH do Hospital, responsáveis pela campanha, também reforçarão as orientações com a disponibilização de um guia com os passos para a limpeza adequada das mãos.

O hábito de lavar as mãos é o primeiro procedimento clínico básico para qualquer profissional de saúde. As mãos limpas ajudam a evitar a propagação das doenças e diminuem o risco de infecção hospitalar.

"Essa campanha contribuirá para aumentar a segurança na assistência hospitalar e vai fortalecer um hábito essencial de higiene que pode evitar complicações no quadro de saúde dos pacientes internados, nossa meta é que o treinamento atinja 100% do corpo clinico e funcionários do Hospital", diz a Diretora Técnica Dra. Rubia Martins.


COMO HIGIENIZAR?


 QUANDO HIGIENIZAR?




quarta-feira, 11 de setembro de 2013

EVITE UM EVENTO ADVERSO ...




Identifique e Evite um Evento Adverso ...


Eventos adversos (EAs) são definidos como complicações indesejadas decorrentes do cuidado prestado aos pacientes, não atribuídas à evolução natural da doença de base. Afetando em média 10% das admissões hospitalares, constituem atualmente um dos maiores desafios para o aprimoramento da qualidade na área da saúde: a sua presença reflete o marcante distanciamento entre o cuidado ideal e o cuidado real. Quando decorrentes de erros, são denominados EAs evitáveis. Cabe ressaltar que 50% a 60% dos EAs são considerados passíveis de prevenção. Em geral, a ocorrência destes eventos inesperados não acarreta danos importantes aos pacientes. Entretanto, incapacidade permanente e óbito podem ocorrer. Estima-se que 1.000.000 de EAs evitáveis ocorram anualmente nos EUA, contribuindo para a morte de 98.000 pessoas. Eventos adversos cirúrgicos e aqueles relacionados ao uso de drogas correspondem às categorias mais freqüentes. Alguns fatores favorecem sobremaneira a ocorrência de EAs, destacando-se a idade dos pacientes, a gravidade do quadro clínico inicial, a existência de comorbidades, a duração e a intensidade do cuidado prestado, a fragmentação da atenção à saúde, a inexperiência de jovens profissionais envolvidos no atendimento, a sobrecarga de trabalho, as falhas de comunicação, a introdução de novas tecnologias e o atendimento de urgência. A presença de EAs deve ser interpretada como decorrente de falências nos complexos sistemas técnicos e organizacionais relacionados à atenção à saúde e não como resultado de ações isoladas praticadas por profissionais incompetentes. A adoção de medidas punitivas frente aos erros, prática muito freqüente na área médica, gerando atitudes de medo e desconfiança nos indivíduos, em nada contribui para a prevenção dos mesmos, uma vez que induz à ocultação das falhas cometidas. O reconhecimento da real dimensão destes problemas representa uma oportunidade ímpar para o aprimoramento da segurança dos pacientes.


    Hipócrates, ao redor do ano 430 aC, propôs aos médicos, no parágrafo 12 do primeiro livro da sua obra Epidemia:

    "Pratique duas coisas ao lidar com as doenças; auxilie ou não prejudique o paciente".
    Esta talvez seja a citação correta da sua famosa frase: Primum non nocere.


    O Princípio da Não-Maleficência propõe a obrigação de não infligir dano intencional. Este princípio deriva da máxima da ética médica "Primum non nocere".

terça-feira, 10 de setembro de 2013

POSITIVE DEVIANCE - NA SAÚDE BRASILEIRA ...

 A Prática no Brasil



Reuniões a cada 15 dias entre o corpo clínico das unidades de terapia intensiva e semi-intensiva são feitas no Einstein. A ideia é trocar experiências e resultados entre as equipes. Em 2008, o Einstein estabeleceu a meta de reduzir ao máximo as infecções na semi-intensiva e intensiva pela bactéria resistente à meticilina Staphylococcus aureus, também conhecida pela sigla inglesa MRSA (Methicillin-resistant Staphylococcus aureus). Com três meses de programa a entidade reduziu em 52% os índices de infecção hospitalar através de dispositivos invasivos.
Em alguns meses de 2010, por exemplo, as unidades chegaram à taxa zero de infecções. Outras melhorias foram sendo somadas ao atendimento e diversas ideias transformaram-se em prática contínua no hospital.
A diminuição é resultado do envolvimento de todos os colaboradores, que expõem suas dificuldades e sugestões.
A partir daí constatou-se que o uso de álcool gel é fundamental no combate à infecção hospitalar, apresentando resultados mais satisfatórios do que a lavagem das mãos com sabonete. “O uso de álcool gel equivale a uma lavada de mão e é muito mais prático e ágil. A utilização do produto passou de 15 mil por mês para 40 mil”.
O controle por meio de auditorias não é suficiente para avaliar os cuidados de higiene dos profissionais. Dessa forma, em cada dosador de álcool gel foi colocado um contador eletrônico (24hs). Com isso, temos um balanço do uso do produto e conseguimos saber se está sendo utilizado de forma adequada. De uma forma geral tem como estimar qual deve ser o uso mínimo tendo em vista os procedimentos direcionados ao paciente.
Além dos benefícios para o paciente, o Positive Deviance valoriza a participação de todos os profissionais envolvidos na assistência. O método estimula muito a criatividade. Para ilustrar as reuniões, os profissionais editam vídeos, fazem poesias, organizam apresentações de peças de teatro. Tudo em prol de melhores práticas assistenciais”.




POSITIVE DEVIANCE NA SEGURANÇA DO PACIENTE !




Positive Deviance, um conceito originado da literatura de pesquisa nutricional com o livro “Positive Deviance em Nutrição”, publicado pela Tufts University (EUA), do professor Marian Zeitlin, na década de 1990. A princípio, o intuito era promover intervenções sociais para tratar do problema da desnutrição infantil. No entanto, a filosofia se estendeu com sucesso para outros setores como saúde pública, educação, proteção das crianças e grupos vulneráveis.

O método Positive Deviance baseia-se na identificação de pessoas que, dentro de uma comunidade, destacam-se em termos comportamentais. E, segundo o conceito, tais pessoas devem interagir com as demais por meio de troca de experiências e, assim, promover melhorias na comunidade em que atua.

No início de 1990, o professor da Universidade Tufts Jerry Sternin e sua esposa, Monique, colocaram em prática as ideias de Zeitlin em países africanos como Sudão e Etiópia. De acordo com o infectologista do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE) e coordenador do estudo Positive Deviance, Alexandre Marra, eles perceberam que algumas crianças dessas regiões cresciam e conseguiam ingressar em uma faculdade, enquanto outras, sob as mesmas condições, não.

Os pesquisadores perceberam que as mães que faziam os filhos lavarem as mãos antes das refeições, que se preocupavam em não colocar as crianças para dormir no chão frio e misturavam a comida com alimentos mais nutritivos como farinha, peixe, entre outros, obtinham maior sucesso no desenvolvimento dos filhos.

“Para diminuir a desnutrição e a mortalidade infantil, eles colocaram ‘essas mães’ em contado com as outras que não obtinham o mesmo resultado – claro – sempre respeitando as diversidades culturais entre elas”.

Os resultados positivos de experiências como essas foram adaptadas para diversos setores da sociedade, inclusive, para a saúde. Nos Estados Unidos, 153 instituições de saúde fazem parte, desde 2007, do movimento Tolerância Zero, que combate infecções bacterianas utilizando conceitos da filosofia.




quarta-feira, 4 de setembro de 2013

PREVENÇÃO DE EVENTOS ADVERSOS !


É POSSÍVEL PREVENIR ...

Até 73% dos eventos adversos que acontecem dentro de hospitais brasileiros, como medicações trocadas ou operação de membros errados, poderiam ser evitados.
É o que apontam estudos da Fiocruz apresentados no QualiHosp (congresso de qualidade em serviços de saúde) e que ajudaram o Ministério da Saúde a criar novas normas de segurança hospitalar que passam a valer a partir de 2014.
As pesquisas, feitas em dois hospitais públicos do Rio, encontraram uma incidência média de 8,4% de eventos adversos, semelhante aos índices internacionais.
No Brasil, no entanto, é alto o índice de problemas evitáveis: de 66,7% a 73%. Em outros países, a incidência variou de 27% (França) a 51% (Austrália).

Em números absolutos, isso significa que, em 2008, dos 11,1 milhões de internados no SUS, 563 mil foram vítimas de erros evitáveis.
Para Walter Mendes, pesquisador da Fiocruz e consultor do comitê do programa de segurança do paciente, embora haja limitações metodológicas ao extrapolar os resultados para o resto do país, os estudos indicam a magnitude do problema.
"É um quadro barra pesada. Nos países desenvolvidos, existem políticas de segurança bem consolidadas. Aqui estamos acordando com um pouco de atraso", diz ele.
Segundo Mendes, a política de segurança do paciente não pode ser vista em separado do "imenso caos" que vive a maioria dos hospitais.
"A questão é adotar mecanismos impeçam que o erro chegue ao doente", afirma.
A morte da menina Stephanie Teixeira, 12, que em dezembro de 2010 recebeu vaselina em vez de soro nas veias, é um exemplo de erro evitável. Os frascos eram idênticos, e os nomes dos produtos estavam em etiqueta de mesma cor.
Para Angela Maria da Paz, gerente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), esses casos acontecem porque as instituições não seguem protocolos. "Existem ferramentas capazes de prevenir esse tipo de erro."
No Brasil, diz ela, os eventos adversos são subnotificados e, em geral, só se tornam visíveis quando viram caso de polícia. "Existe a cultura do castigo, as pessoas escondem, têm medo. O erro deve ser aproveitado como aprendizado, não para punição."
Para o professor Jesús María Aranaz Andrés, chefe do serviço de medicina preventiva do hospital Sant Joan d'Alacant (Espanha), a reparação do erro pode ser resolvida de várias formas, como pela compreensão e correção ou por indenização.
"Só não pode haver culpabilização porque isso leva à ocultação. Se escondermos a cabeça na areia feito avestruz, não vamos aprender."
O pesquisador Paulo Santos Sousa, professor da Universidade Nova de Lisboa (Portugal), diz que as mudanças devem ser de cultura.
"Bactéria não tem asas. Ela passa de paciente para paciente porque alguém a carregou nas mãos. Sempre se soube que lavar as mãos é importante, mas continua sendo um desafio."
Segundo Angela Paz, da Anvisa, a agência construirá uma ferramenta eletrônica para monitorar os eventos adversos e agir na prevenção.
Um dos pontos da política, segundo ela, é uma negociação com o Ministério da Educação para que as faculdades de medicina coloquem em seus currículos o tema de segurança do paciente.
Outra ideia é disseminar essas informações ao paciente para que ele se torne atuante no processo, e não um mero espectador.

Folha de São Paulo - 29/07/2013 - 03h00